Fauna

Biodiversidade terrestre

Estão identificadas mais de 2000 espécies de fauna terrestre em Cabo Verde, distribuídas em três filos (Moluscos – 2%, Artrópodes – 95% e Cordados – 3%), 10 classes, 54 ordens, 380 famílias e 1 349 géneros. Santo Antão é a segunda ilha com maior número de espécies registadas (39%) no arquipélago, depois da Ilha de Santiago (59%).

Aves – No arquipélago está listada a ocorrência de cerca de 240 espécies, entre aves nativas e migradoras. Das 41 espécies nativas, 13 taxa (5 espécies e 8 subespécies) são considerados endémicos, e mais de 50% das espécies indígenas estão inscritas na Lista Vermelha de Aves de Cabo Verde com algum grau de ameaça. De acordo com a informação disponível, em Santo Antão ocorrem 18 espécies nativas e 38 migradoras. Porém, a bibliográfica sugere que estes números sejam superiores.

Répteis – Quase todas as espécies de répteis nativas de Cabo Verde estão ameaçadas, tendo o seu estatuto de conservação sido atualizado recentemente. Em Santo Antão Antão estão presentes os endemismos Tarentola caboverdiana, Chioninia fogoensis antaoensis e Hemidactylus bouvieri.

Artrópodes – Com mais de 360 espécies consideradas ameaçadas de extinção, é o grupo com maior diversidade específica em todo o arquipélago, além de ser o que inclui maior número de endemismos (450) com cerca de 83 % das espécies endémicas a nível nacional.

Santiago e Santo Antão (703 espécies, das quais 147 endémicas) são as ilhas com maior diversidade específica de artrópodes.

A nível dos insetos destacam-se as libélulas (Odonata) e as borboletas (Lepidoptera). Ocorrem 16 espécies em Cabo Verde, das quais 10 espécies têm presença em Santo Antão, sendo duas delas exclusivas da Ilha (Anax rutherfordi e Anax tristes).

Biodiversidade marinha

A biodiversidade marinha de Cabo Verde apresenta uma imensa riqueza, tendo uma elevada diversidade específica e numerosas endémicas.

Apesar da limitada disponibilidade de nutrientes, o arquipélago tem sido qualificado como um dos locais mais importantes para a conservação da biodiversidade marinha global.

 

Mamíferos marinhos – A comunidade de cetáceos em Cabo Verde apresenta uma diversidade assinalável, onde se destacam algumas espécies como a Baleia-de-bossa, com elevado potencial para o desenvolvimento do ecoturismo, nomeadamente para atividades de observação e mergulho. No arquipélago está confirmada a ocorrência de 29 espécies de mamíferos marinhos, com ocorrência provável em Santo Antão.

Aves marinhas – São consideradas aves marinhas ou pelágicas, as espécies que dependem, totalmente ou em grande parte, do mar para desenvolvimento do seu ciclo biológico, vindo a terra apenas para nidificar. Em Cabo Verde, estas espécies pertencem maioritariamente à ordem dos Procellariiformes, que inclui, por exemplo, as cagarras e os painhos. Ocorrem na Ilha pelo menos nove espécies de aves marinhas, entre elas o Gongon (Pterodroma feae), a Cagarra (Calonectris edwardsii) e o Rabo-de-junco (Phaethon aethereus).

Répteis marinhos – Das sete espécies de tartarugas marinhas que existem a nível mundial, cinco podem ser observadas nas águas de Cabo Verde. A costa cabo-verdiana possui uma das maiores colónias mundiais reprodutoras de Tartaruga-comum (Caretta caretta), que nidifica na maior parte das praias do País, e constitui uma área muito importante para a alimentação de juvenis de Tartaruga-de-casco-levantado (Eretmochelys imbricata) e de Tartaruga-verde (Chelonia mydas).

Em Santo Antão, entre Cruzinha da Garça até Tarrafal de Monte Trigo é uma importante zona de desova para Tartaruga-comum (Caretta caretta); crescimento e alimentação para juvenis de Tartaruga-verde (Chelonia mydas) e Tartaruga-de-casco-levantado (Eretmochelys imbricata); bem como corredor migratório para Tartaruga-de-couro (Dermochelys coreacea) e Tartaruga-parda (Lepidochelys olivácea).

O arquipélago é considerado um dos pontos mais importantes de biodiversidade marinha mundial, com um grande número de espécies ameaçadas de extinção e um centro de endemicidade de peixes do Atlântico, com um elevado potencial para o turismo ecológico.

Ocorrem em Cabo Verde 11 espécies de peixes cartilagíneos, entre eles o tubarão-baleia, e 58 espécies de peixes ósseos com ocorrência relatada em Santo Antão. Destes, destacam-se 8 espécies endémicas de Cabo Verde, tais como Burrinho (Chromis lubbocki), Sargo-preto-de-Cabo-Verde (Diplodus fasciatus), Morro (Girella zonata), Góbio-de-Cabo-Verde (Gobius tetrophthalmus), Mané-cabeça-de-Cabo-Verde (Microlipophrys Caboverdensis).

Moluscos marinhos – Estão descritos pelo menos, 168 espécies em Cabo Verde. Só no género Conus foi recentemente apontada a existência de mais de 90 espécies endémicas de caracóis marinhos, que representam mais de 10% da diversidade mundial. Em Santo Antão, há pelo menos quatro espécies de gastrópodes marinhos identificadas e, entre estas, uma endémica para a Ilha, o Conus fernandesi.

Artrópodes marinhos – Há duas espécies endémicas de Cabo Verde com presença em Santo Antão: a Lagosta-rosa (Palinurus charlestoni), com um estatuto de ameaça preocupante; e o Percebes (Pollicipes caboverdensis).

Comunidades coralinas – O arquipélago é considerado um importante “hotspot” para a diversidade de corais e uma das áreas prioritárias, a nível mundial, para a conservação das comunidades coralinas, com um elevado potencial ecoturístico.

Estão identificados 65 pontos no litoral de Cabo Verde, onde foi registada a existência de comunidades coralinas importantes; três dos quais situam-se na Ilha de Santo Antão, nomeadamente, em Ponta do Sol, Sinagoga e Pontinha de Janela.